sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Amor

Deuteronômio 6.4,5 ; Mateus 5.43-48 ; 1 Coríntios 13.1-13 ; Efésios 5.25-33 ; 1 João 4.7-21

Em nossa sociedade, geralmente se fala do amor em termos passivos. Isto é, o amor é algo que acontece conosco, sobre o qual temos pouco ou nenhum controle. Nós nos "apaixonamos" [nos enchemos de paixão] por alguém. Falamos desta maneira principalmente porque associamos o amor com um sentimento particular ou uma emoção. Tal emoção não pode ser produzida apertando-se um botão ou por um ato consciente da vontade. Não "decidimos" nos apaixonar por alguém.
A Bíblia, porém, fala do amor em termos muito mais ativos. O conceito de amor funciona mais como um verbo do que como um substantivo. O amor é um dever - uma ação que temos obrigação de desempenhar. Deus nos ordena que amemos nosso próximo, nosso cônjuge e até mesmo nossos inimigos. Reunir sentimentos de amor e de afeição por um inimigo é uma coisa; agir de maneira amorosa para com ele é outra coisa.
A Bíblia tem um conceito complexo de amor que é expresso com relativamente poucas palavras. O Antigo Testamento usa predominantemente a palavra hebraica aheb para expressar amor. O Novo Testamento basicamente usa duas palavras gregas - phileo e agape. Phileo, da qual deriva o nome da cidade Filadélfia ( que significa "amor fraternal" ), é a palavra grega usada para denotar a afeição compartilhada entre amigos. Por contraste, o termo eros, que não é utilizado na Bíblia, refere-se mais ao amor sexual ou erótico. É aquele tipo de amor que geralmente associamos com romance. Esses dois tipos de amor são comuns em todos os seres humanos. São tipos de amor que tendem a ser motivados pelo auto-interesse, autogratificação e autoproteção.
O Novo Testamento descreve um terceiro tipo de amor. Agape se põe em contraste com as afeições mais básicas. Seu aspecto mais distinto é a ausência de interesse próprio. Ele procede de um coração que cuida dos outros e se preocupa com eles. Suas características são enumeradas por Paulo em 1 Coríntios 13. O amor agape é paciente e benigno. Não se vangloria nem tem inveja. Não é orgulhoso, rude, não busca seus próprios interesses, nem se ira com facilidade. É pronto em perdoar; busca o bem e a verdade. Ele sempre protege, confia, espera e persevera. Ele nunca falha.
O amor bíblico, portanto, é mais do que uma mera emoção. Ele é ativo. O chamado do cristão não é primeiramente para desenvolver sentimentos de amor pelos outros. Em muitas situações isso estará fora do controle do cristão. Entretanto, podemos controlar como respondemos e agimos em relação a uma certa pessoa. O cristão deve ser amoroso, para refletir o amor altruísta de Deus.
O amor agape, portanto, é o fruto supremo do Espírito. Conforme Paulo escreveu: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor" (1Co 13;13)
Pelo fato de o amor agape refletir o caráter do amor de Deus por nós, ele pode ser chamado de amor firme, o amor que suporta com lealdade. É o amor caracterizado pela fidelidade - a qual é construída sobre a confiança. Tal amor é incapaz de ser volúvel; é o amor do compromisso permanente.


Texto de R. C. Sproul - Verdades Essenciais da Fé Cristã, doutrinas básicas em linguagem simples e prática. 3º caderno. Ed. Cultura Cristã

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